Desde cedo fomos ensinados a chamar as coisas do mundo pelo nome que tem como forma de organiza-los em ns, assim aprendemos a hierarquizar nossa prpria importncia no mundo a partir do lugar de fala ou do que a fala implica existir no mundo organizado por ns. O lugar do isso. O que pouco ou nunca foi dito que o nosso lugar no mundo externo (social), depende, para existir, de nomes e lugares definidos e organizados numa ordem interna a ns (afetos, sentimentos, amor prprio, auto-estima...). Nosso espao interior maior e bem mais desorganizado que os objetivos que existenciam as obrigaes para com o mundo externo. Afinal, quem desempenha bem alguma obrigao do dia se no est de bem consigo? A cozinheira deixaria a comida queimar, o motorista atropelaria algum, enfim, observaramos os desequilbrios internos materializados em aes mau sucedidas. Da, a conquista de espaos externos so determinados pelo preenchimento e organizao de dos vazios que carregamos.

Parafraseando Ceclia Meireles, nossa existncia comea e termina nos confins dos vazios.

No mistrio do Sem-Fim equilibra-se um planeta./ No planeta, um jardim./ No jardim, um canteiro./ E no canteiro, o dia inteiro/ Entre o mistrio do Sem-Fim e o planeta/ A asa de uma borboleta....

Preencher vazios organizar o que os objetivos do mundo externo no alcanaram por isso adoecemos, vivemos patologias como depresso, angstias internas que desguam no recolhimento a um quarto, uma cama, na abstinncia do nosso eu, na solido de nossas desesperos

Se por um lado o silncio o espao por onde ecoa muitas dores, por outro, tambm no silncio que se pratica a orao. Dialogar com Deus conversar com o espelho que guardamos dentro de ns. Muitos tem medo de olhar dentro dos prprios olhos, outros preferem esconder o espelho num quatro escuro. Devo lembrar aqui, que foi no silncio do seu pensamento, que Deus sonhou o jardim onde aria a habita suas criaturas. Os sonhos aram a ser jardim e Ado experimentou o xtase da beleza.

No limite de meus conhecimentos diria que a fraqueza dos seres humanos est posta pela necessidade do pensar. Dar ordem a espaos internos estimular sonhos organizarem nossa inteligncia. Por isso a capacidade de preencher os vazios pode depender bem mais do sonhar que do pensar. Inverter o mundo do isso para o mundo eu humanizar o sentimento hominizado medido pela coisificao do ter. Voltemos s lies de um paraso como lugar onde corpos no se faziam teis pela conscincia culpada da falta de trabalho, mas pelo bailar de rgos da percepo a sentir o mundo externo como extenso do mundo interno.